Filho de gato é gatinho
Patativa do Assaré (05/03/1909 – 08/06/2002)
Era o esposo assaltante perigoso,
o mais famoso dentre os marginais
porém, se ele era assim astucioso,
sua esposa roubava muito mais
A ladra certo dia se sentindo
com sintoma e sinal de gravidez,
disse ao marido satisfeito e rindo:
- Eu vou ser mãe pela primeira vez!
Ouça, querido, eu tive um pensamento,
precisamos viver com precaução,
para nunca saber nosso rebento
desta nossa maldita profissão
Nós vamos educar nosso filhinho
dando a ele as melhores instruções
para o mesmo seguir o bom caminho,
sem conhecer que somos dois ladrões.
Respondeu o marido: - Está direito,
meu amor, você disse uma verdade.
De hoje em diante eu procurarei um jeito
de roubar com maior sagacidade.
Aspirando o melhor sonho de Rosa,
ambos riam fazendo os planos seus.
E mais tarde a ladrona esperançosa
teve um parto feliz, graças a Deus.
"Ai, como é linda, que joinha bela!"
diziam os ladrões, cheios de amor,
cada qual desejando para ela
um futuro risonho e promissor.
Mas logo viram com igual surpresa
que uma das mãos da mesma era fechada.
Disse a mãe, soluçando de tristeza:
- Minha pobre menina é aleijada.
A mãe, aflita, teve uma lembrança
de olhar a mão da filha bem no centro.
Quando abriu a mãozinha da criança,
a aliança da parteira estava dentro.
(In: Feira de Versos: poesia de cordel. Editora Ática)
A poesia de cordel, embora esteja transposta aqui através do escrito, ela é transmitida oralmente, numa situação que envolve contato pessoal, voz, gestos e expressões faciais de quem a declama. O poeta cearense Patativa do Assaré é um dos grandes representantes desses poetas populares. Seus poemas transmitem humor, sentimento , críticas e reflexão sobre o cotidiano do povo que vive no nordeste. Vale a pena conhecer!
Gosto muito de cordeis.
ResponderExcluirA rima deles é o mais interessante,
o que deixa mais dinamico e bom de se ler,
apesar de existirem variados estilos, os que deixam o cordel, na minha opiniao, mais conhecido sao os humoristicos.
Humberto de B.
9ºG
as mães do sertão
ResponderExcluirsofrem com precisão
se a corda de manhãzinha
pra poder fazer sabão
e de poes lavar os panos
na beira de um cacimbão
quando chega na cacimba
o sol ta quente de rachar
se acoca perto de uma pedra
e começa a esfregar
enquanto ele não termina
o sol vai lê maltratar
quando ela termina
já é mais de nove horas
bota o feijão no fogo
vai na roça tira abrobas
para o almoço ta pronto
chegando as onze horas
quando chove no sertão
seu sofre é reduzido
cria milho e feijão
plantado por seu marido
para alimentar os 15
filhos que tão nascido
eu termino essa poesia
que fis com o coração
para hoje homenagear
as mães daqui do sertão
o ser que não tiver mãe
o seu desgosto é profundo
pois mãe é o coisa mais santa
que deus colocou no mundo
(MATHEUS CAVALCANTE)