sábado, 7 de novembro de 2009

Poesia de cordel: um canto popular!

Filho de gato é gatinho
Patativa do Assaré (05/03/1909 – 08/06/2002)

Era o esposo assaltante perigoso,
o mais famoso dentre os marginais
porém, se ele era assim astucioso,
sua esposa roubava muito mais

A ladra certo dia se sentindo
com sintoma e sinal de gravidez,
disse ao marido satisfeito e rindo:
- Eu vou ser mãe pela primeira vez!

Ouça, querido, eu tive um pensamento,
precisamos viver com precaução,
para nunca saber nosso rebento
desta nossa maldita profissão

Nós vamos educar nosso filhinho
dando a ele as melhores instruções
para o mesmo seguir o bom caminho,
sem conhecer que somos dois ladrões.

Respondeu o marido: - Está direito,
meu amor, você disse uma verdade.
De hoje em diante eu procurarei um jeito
de roubar com maior sagacidade.

Aspirando o melhor sonho de Rosa,
ambos riam fazendo os planos seus.
E mais tarde a ladrona esperançosa
teve um parto feliz, graças a Deus.

"Ai, como é linda, que joinha bela!"
diziam os ladrões, cheios de amor,
cada qual desejando para ela
um futuro risonho e promissor.

Mas logo viram com igual surpresa
que uma das mãos da mesma era fechada.
Disse a mãe, soluçando de tristeza:
- Minha pobre menina é aleijada.

A mãe, aflita, teve uma lembrança
de olhar a mão da filha bem no centro.
Quando abriu a mãozinha da criança,
a aliança da parteira estava dentro.
(In: Feira de Versos: poesia de cordel. Editora Ática)

A poesia de cordel, embora esteja transposta aqui através do escrito, ela é transmitida oralmente, numa situação que envolve contato pessoal, voz, gestos e expressões faciais de quem a declama. O poeta cearense Patativa do Assaré é um dos grandes representantes desses poetas populares. Seus poemas transmitem humor, sentimento , críticas e reflexão sobre o cotidiano do povo que vive no nordeste. Vale a pena conhecer!

2 comentários:

  1. Gosto muito de cordeis.
    A rima deles é o mais interessante,
    o que deixa mais dinamico e bom de se ler,
    apesar de existirem variados estilos, os que deixam o cordel, na minha opiniao, mais conhecido sao os humoristicos.

    Humberto de B.
    9ºG

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  2. as mães do sertão
    sofrem com precisão
    se a corda de manhãzinha
    pra poder fazer sabão
    e de poes lavar os panos
    na beira de um cacimbão

    quando chega na cacimba
    o sol ta quente de rachar
    se acoca perto de uma pedra
    e começa a esfregar
    enquanto ele não termina
    o sol vai lê maltratar

    quando ela termina
    já é mais de nove horas
    bota o feijão no fogo
    vai na roça tira abrobas
    para o almoço ta pronto
    chegando as onze horas

    quando chove no sertão
    seu sofre é reduzido
    cria milho e feijão
    plantado por seu marido
    para alimentar os 15
    filhos que tão nascido

    eu termino essa poesia
    que fis com o coração
    para hoje homenagear
    as mães daqui do sertão

    o ser que não tiver mãe
    o seu desgosto é profundo
    pois mãe é o coisa mais santa
    que deus colocou no mundo

    (MATHEUS CAVALCANTE)

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