sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A indiferença do olhar!

Imagem In: http://altohama.blogspot.com/2007_08_01_archive.html

Jardim interior
Mário Quintana

Todos os jardins deviam ser fechados,
com altos muros de um cinza muito pálido,
onde uma fonte
pudesse cantar
sozinha
entre o vermelho dos cravos.
O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem por eles passa indiferente.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Entre amores e beijos!!!

O beijo, de Auguste Rodin (1840-1917)
As sem razões do amor
Carlos Drummond de Andrade

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Nada melhor que começar o ano falando de um dos sentimentos humanos mais belos e desejados por todos, O AMOR. O amor que, como já expresso no próprio título do poema, tem razões e não tem razões para desejá-lo. Drummond, com essa ambiguidade proposital, faz-nos refletir sobre esse sentimento que nos envolve, que nos atrapalha, que nos confunde, mas ao mesmo tempo tão desejado.
Deixo para todos, também, a escultura do artista francês Auguste Rodin, que tão bem reflete uma das formas mais singelas e apaixonantes de expressar o amor: o beijo!