Carlos Drummond de Andrade
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesmo de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Oi Gilsa. Veja que seu blog está entre os indicados do blog do "Projeto Literatura, leitura e escrita no ciberespaço" e que aquela experiência com blogs no Curso de Letras da UEM em que deixaste comentário ano passado terminou e está com o relato recém postado no blog, confira. Beijos. Marciano Lopes - GT CiberEnsino.
ResponderExcluirConheça também o blog "Revista Outras Palavras", de um projeto que coordeno na UEM:
ResponderExcluirhttp://outraspalavras.arteblog.com.br - vc vai gostar, tenho certeza! Beijos, Marciano Lopes.
Parabéns!!!Adorei ler as poesias. Drummond e Bandeira, dois imortais que sabiam como ninguém transportar o leitor a uma viagem....
ResponderExcluir